domingo, 5 de junho de 2011

Base, altura e o 2

O que fazer quando as pessoas ao nosso redor começam a mudar?

Mudanças sempre são positivas no final das contas. Mas até o acerto dessas contas, há um longo e doloroso caminho. Disso entendem-se duas mudanças: a mudada e a que muda.

Filho, vamos mudar. De casa, de cidade, de estado. Filho, você vai mudar de país. Por duas semanas, por seis meses, por um ano. Pais, eu vou mudar de curso. Semestre que vem, ano que vem, amanhã.

Dizer mudada e muda é apassivar ou ativizar a mudança. Não pensem que a diferença é igual àquele caso na gramática, "do que sofre ou pratica a ação"; pois mudar fisicamente, de lugar, de condição ou de estado pode ser nossa decisão ou nossa opção. Decidir é diferente de optar. Decisões são tomadas, opções são feitas. Tomar é diferente de fazer pois indica que estamos de alguma forma, retirando algo de alguma coisa - o que é bem engraçado, pois se algum de vocês souber quem seria essa "alguma coisa", me digam - enquanto que ao fazer simplesmente se está produzindo algo de uma forma mais independente. As decisões por serem mais fortes, partem de nós. As escolhas nos são oferecidas. Escolhemos ou não.

Mas este post não é sobre as mudanças que mudam. Quantas vezes não mudamos sem nos darmos conta? Por intermédio de outros ficamos sabendo que não somos mais os mesmos atos, palavras e emoções. Seu melhor amigo de hoje se torna seu amigo que passa a ser seu colega e que talvez vire seu conhecido. Até que conhecer exija convivência e as mudanças são tantas que você conhece apenas o passado comum. Então resta apenas uma lembrança e algumas conversas sobre o passado. Mas seu presente são outros.

A ideia é triste e pode parecer não valer para alguns quando leem. A mim também já pareceu. Mas conforme o tempo passa nós mudamos essa repugnância. É perigoso mudarmos sem nenhum tipo de crítica. A velha história das companhias nos mudarem. Talvez nossa essência nunca mude, e vejam bem, já houve tanta mudança comigo que eu coloco dúvida na única coisa que sempre acreditei; mas também é arriscado dizer que nosso exterior apesar de artificial não possa sufocá-la. Quando se conhece uma essência por toda sua vida é difícil vê-la sendo sufocada.

Desculpem os leitores mais antigos, que provavelmente já leram esta passagem outra vez. Não que eu esteja vazio ao ponto de reutilizar ideias... mas quando certas coisas são belas é fundamental reciclá-las. A mudança nos permite ver mais beleza.

"Havia um triângulo equilátero perfeito. Mas para ele, seus três lados o deixavam muito pequeno. Com todas suas forças desejava ganhar um a mais e ser maior. Um dia então, o Deus da Matemática o abençoou com um lado extra. A partir desse momento, ele deixou de ser um triângulo e passou a ser um quadrado."

Em nossas vidas, não é o Deus dos homens (literalmente dos) ou da matemática que nos dá lados a mais. São as companhias que nos levam para novos lugares, que nos mudam de forma muda, silenciosa. Cabe a nós nos darmos conta disto. Sem maiores explicações sobre como mudar aquilo que se é destrói aquilo que as pessoas que gostam de você têm apego, deixo apenas a reflexão e a possibilidade de mudança.

Que mudar é sempre positivo, não há dúvidas... mas ninguém chega ao final das contas quando se tem de pensar em como mudar a mudança daqueles que amamos.

P., Ximbarraia = b.h/2