segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Falha geoamorosa

É como uma grande ruptura. Um abismo em que você atira todas as verdades que sempre engoliu e contou por aí. Desabafar de alguma forma ajuda mas não resolve seus problemas. Também entram as vontades reprimidas aparentemente sem motivos – mesmo quando o problema estava apenas em você, por não conseguir enxergá-los – e cuja projeção cria heróis que o tempo mostra serem irreais.

A partir do momento em que qualquer relação afetiva é estabelecida com outra pessoa, tal abismo começa a existir. É o “outro lado” de uma moeda que pode ser confundido com anti-matéria, mas no fundo é apenas inevitável. Depende então, dos que comungam da relação, serem sinceros e francos consigo mesmos e mutuamente – todos os “deixa pra lá” que apenas encobrem um “não lhe perdoei” caem ruptura abaixo, alimentando-a e afastando falha após falha.

Torna-se uma questão de acontecimentos e de tempo; tal abismo já é tão grande que nem mesmo o pulo mais desesperado pode vencê-lo. As coisas simplesmente se rompem e você tem de escolher. Às vezes é possível designar algum culpado. Neste caso é bem fácil de se seguir em frente. Mas e quando nem mesmo a culpa sabe a quem agarrar?

Não deixem tal abismo crescer tanto a ponto de confundi-los. O que está feito está feito. E para algumas pessoas esta é uma verdade axiomática. Eu enfrentei diversas rupturas mas nenhuma é tão difícil quanto a de agora. Com relação à culpa, bem, foi abismo abaixo. Pedir perdão torna-se inútil, pois não há desculpa para a escolha de se seguir em frente e abandonar atrás de uma ruptura o que foi construído até então. Talvez realmente seja imperdoável, principalmente para aqueles que não costumam fazê-lo. Mas se serve de consolo, as rupturas irão acontecer independentemente de nossa vontade. E ninguém fica com a consciência pesada por perdoar alguém.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O lado frio da verdade

Sabem aquelas pessoas que não têm coragem de encarar a realidade? Uma vez conheci um cara tolo o suficiente para acreditar que poderia fazer tudo o que quisesse sem algum tipo de penalidade. Não considerava aquela ideia de destino punitivo, em pagar o que aqui havia sido feito; era simples desejar ter o que pudesse e, o que ainda não lhe pertencia, conseguir. Ele perguntava aos outros se era um problema ser tão expansivo e querer tudo para si. Moralmente não é. Mas toda espada possui sua bainha, e não importa o quão afiada seja, ela precisa de algo que possa pará-la.

O que parou sua tolice foi o erro de querer não somente tudo, mas todas. Mesmo mudando de cidades, de identidades e de passados, seu caráter continuava construindo as mesmas impressões - e após algumas muitas decepções, sempre se tornava tarde demais. A confiança perdida. Apaixonou-se uma, duas, três vezes em curto tempo. Assistiu às desconhecidas tornarem-se amigas e deixarem-no sozinho. E não importava quem ele tentasse usar para preencher o vazio, no fundo ele estava somente usando alguém... era apenas mais uma repetição dos outros erros.

Restou dizer a ele, que realmente as coisas que se faz não necessariamente serão pagas, mas quem sofreu tais coisas dificilmente irá esquecê-las... e quando se trata de mulheres, elas não irão esquecer. "Quem muitas quer, acaba sem ninguém".

P., encarando a realidade.
(Título do texto copiado da música de mesmo nome, da banda Envydust).