É como uma grande ruptura. Um abismo em que você atira todas as verdades que sempre engoliu e contou por aí. Desabafar de alguma forma ajuda mas não resolve seus problemas. Também entram as vontades reprimidas aparentemente sem motivos – mesmo quando o problema estava apenas em você, por não conseguir enxergá-los – e cuja projeção cria heróis que o tempo mostra serem irreais.
A partir do momento em que qualquer relação afetiva é estabelecida com outra pessoa, tal abismo começa a existir. É o “outro lado” de uma moeda que pode ser confundido com anti-matéria, mas no fundo é apenas inevitável. Depende então, dos que comungam da relação, serem sinceros e francos consigo mesmos e mutuamente – todos os “deixa pra lá” que apenas encobrem um “não lhe perdoei” caem ruptura abaixo, alimentando-a e afastando falha após falha.
Torna-se uma questão de acontecimentos e de tempo; tal abismo já é tão grande que nem mesmo o pulo mais desesperado pode vencê-lo. As coisas simplesmente se rompem e você tem de escolher. Às vezes é possível designar algum culpado. Neste caso é bem fácil de se seguir em frente. Mas e quando nem mesmo a culpa sabe a quem agarrar?
Não deixem tal abismo crescer tanto a ponto de confundi-los. O que está feito está feito. E para algumas pessoas esta é uma verdade axiomática. Eu enfrentei diversas rupturas mas nenhuma é tão difícil quanto a de agora. Com relação à culpa, bem, foi abismo abaixo. Pedir perdão torna-se inútil, pois não há desculpa para a escolha de se seguir em frente e abandonar atrás de uma ruptura o que foi construído até então. Talvez realmente seja imperdoável, principalmente para aqueles que não costumam fazê-lo. Mas se serve de consolo, as rupturas irão acontecer independentemente de nossa vontade. E ninguém fica com a consciência pesada por perdoar alguém.
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