quarta-feira, 31 de março de 2010

Sobre ser.

Andei pensando em humanos, em ser, em tudo o que se é por direito. Pensei em como comer uma maçã sozinha é extremamente normal enquanto comer uma maçã ao lado de alguém especial se torna extremamente grandioso e memorável. Andei pensando em como um dia chuvoso pode se tornar inacreditavelmente agradável enquanto há pelo menos uma mão onde se possa segurar. De fato ser não é um só. De fato no ato de ser não se pode ser sozinho. Assim como esse texto não poderia ''ser'' com uma palavra só. Ele deveria no mínimo estar sendo representado por uma frase completa, que necessita de algumas outras palavras, que de certo modo nem precisariam fazer sentido, como a palavra amor, que nunca fez nenhum sentido para mim e sempre me pôs a pensar e escrever sobre ela. Esse texto seria totalmente auto explicativo se eu apenas falasse '' De fato ser não é um só. '', e então mesmo que de tão curto não pudesse ser chamado de texto, eu não precisaria dizer tudo o que disse no início do mesmo, pois você mesmo já se colocaria a imaginar.

Mas parando para pensar agora, ser sozinho às vezes é essencial, assim como sozinha a palavra ''ser'' é totalmente auto explicativa. Por exemplo, caminhar por aí como fiz hoje, olhando para o céu, rodando pela praça e tomando sorvete sozinha é apenas ser, um ser sozinho, mesmo que estejamos inteiramente acompanhados por coisas que, de alguma forma, passam despercebidas por pessoas pelo fato de serem simplesmente tão... Simples, como um sorvete de nome tão significativo como céu azul, e ninguém percebe. Ou como o céu azul lá fora, que durante o dia apenas ''é''. É simples, encantador e despercebido, mas quando se torna escuro, todos sentem a sua falta. Então é aí que vejo o quanto estamos sendo esnobes, tanto com o dia quanto com a noite, deveríamos dar uma trégua a eles, pois são eles que nos trazem os pensamentos mais alucinógenos, intuitivos e certas vezes proibidos para os demais. Sensações de temor, horror e paz espiritual. E é aí que mais uma vez, apesar de tudo, o ser humano definitivamente não merece ser um ser sozinho. Enquanto isso, pelo menos eu, pelo simples fato de estar sendo, não me passa pela cabeça dar mais importância no ser acompanhado ou no ser sozinho, eu apenas sou, sou durante o dia, durante a noite e durante tudo o que me parecer importante, ou apenas simples.

B.

sexta-feira, 26 de março de 2010

O Convencido e a Convencida


Vocês já pararam para perceber como as coisas mais opostas são determinadas por minúsculas diferenças? E essas pequenas coisas provocam enormes outras coisas. Cético e Crente, têm o mesmo número de letras. Homems e mulheres são muito parecidos por fora também. Isto é, se você os comparar a lagartixas.

Um dia desses, um convencido entrou em embate com uma convencida. A convencida, era crente naquilo que dizia e convencida por ser quem era. O convencido era cético daquilo que ouvia e de ser o que era. Como uma conversa entre um cego e um surdo, um se recusava a ver enquanto o outro parecia nada ouvir. A convencida de nada ligava para os argumentos dele, pareciam todos ridículos e incabíveis, sabe, "o que diabos aquele cara está tentando me fazer ver?", o que, não era simples para um convencido, de que poderia reverter a situação, algo que era visível na pequena diferença entre exteriorizar um pensamento que a convencida apenas orava: "eu só posso estar ficando surdo, não acredito que essa maluca fica dizendo essas bobagens!".

Sei que há um pouco de confusão aqui, entre eles, e entre como tudo está sendo contado - uma cega que não diz nada, mas faz um surdo ouvir - e um surdo que não mostra mas faz uma cega enxergar. Cega que era convencida de que muito via, mas fechava os olhos para aquilo que não a interessava, e um convencido de que pode interessar a todos, mesmo os já convencidos de que podem não saber, mas acreditam...

Parece que por fim, o Convencido de sua derrota, deixou a Convencida fazer o que faz de melhor, fechar os ouvidos para aqueles que não a convencem... e dizem, para não se convencer da vitória antes que o fim deixe de apenas parecer, e passe a existir. E como eu sei que ele existe se não o alcancei? Acho que apenas me convenci disso. Resta a mim, agora, crer.

P., 2250 minutos, de 7200, observando e ouvindo, convencidos e convencidas...

domingo, 14 de março de 2010

Que chova todo dia...

Hoje choveu. Fazia tempo que não chovia. Antes de chover, saiu Sol. E depois também, o que foi bastante impressionante, já que fazia algum tempo que tudo estava muito nublado. A chuva se tornou mais forte, eu calcei meus tênis e saí. Corri. Tornei-me carro, rolei pela relva e gritei: "eu estou vivo!" Não havia muitas pessoas na rua, quer dizer, pelo menos eu não as via, me perguntei se também estariam se sentindo vivas ou se, simplesmente, a chuva era forte demais para elas. Foi no último dia de Sol, que eu comecei a me tornar forte demais para mim mesmo, e isso me trouxe problemas. Loucura.
Minha loucura trouxe a chuva, a sanidade e o Sol. O único caminho, parece, para encontrar a sanidade é se perder em meio à loucura. Eu passei uma semana difícil, em busca de paz e sanidade, eu apenas procurei alguém que pudesse dividir minha cama comigo. Mas esse alguém só divide sua cama com o medo. Eu queria alguém para tornar meus princípios, nossos princípios. Mas ela já tem os dseus princípios. Por fim, quem veio dividir a cama comigo, foi a loucura. Inclusive, antes de chover eu chamava de leito...
Foi tudo bastante sutil, não sei se morri, se o carro que passou me atropelou ou apenas me molhou, se eu estava rolando na grama ou morro abaixo, não consigo distinguir, ainda não estava molhado o bastante para recobrar minha sanidade e perceber que sim, eu ainda estava vivo.

Vida engraçada essa, que vivemos apenas para continuarmos vivos, mas só percebemos que o estamos, quando estamos prestes a morrer. Vida engraçada essa, que nos reserva loucura para recobrarmos a sanidade, que nos reserva amor para lembrar que ela o tira de nós quando bem entende. Vai entender essa loucura...

P., que estava louco o suficiente para não se perceber no filme "Ilha do Medo", mas que precisou de um banho d'água fria para notar que não era filme, apenas a lembrança de sua semana...

segunda-feira, 8 de março de 2010

Azul Marinho.

É engraçado. Aqui na beira da piscina eu inclino minha cabeça e vejo metade de um céu que não é meu, claramente indo embora. E a outra metade vai se escurecendo, ficando do meu tom, bem azul marinho. Logo a primeira estrela da noite aparece. Ela que é tão pequena comparada ao sol ou a lua e tão grande comparada a mim. Olho fixamente para aquele ponto de luz apaixonado e faço um pedido. Não sei se esse é o certo, um pedido à primeira estrela da noite, mas isso não importa, porque eu sempre o fiz e tornou-se hábito acreditar em algo assim, tão inefável. Então, também pela primeira vez, não pensei em um pedido relacionado a você. Digo, pensei. Mas justamente pela arte de pensar - dessa vez o certo - que não quis que você estivesse incluída nele. Não quis que você invadisse o céu que naquele momento era todo meu. Não quis te tornar real ou mesmo imaginária de novo. Não quis que nada desse certo e sim que desse tudo errado, dessa vez, sem você. Nesse instante o céu se escurece por inteiro, tornando-se azul marinho por completo. Agora mesmo ele não é todo meu, ele é mais do que meu. Mais do que meu assim como a rosa que ganhei. Mais do que meu assim como o objeto que me roubaram. Sim, me roubaram agora à tarde, mas esse objeto sempre será meu. Já a rosa, um belo homem me presenteou. E esse homem, por mais que nunca seja meu por completo, será sempre o meu eu, a metade que me enlouquece. E a outra metade que sempre será minha, mais do que minha, bem, ela agradece muito encantada.

B. observando as estrelas. Dessa vez, na beira sacada.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Plim Dois

Agora sim. Observar é escrever.

Observei essa semana, algo bastante interessante. Como as relações pessoais mudaram substancialmente nos últimos quinze anos. Insônia e dor de cabeça, são coisas que surgiram junto com o sono e com a nossa própria cabeça. Mas o que fazíamos (ou faziam?) quando elas estavam presentes? Hoje, o que estou fazendo? Bem, estou sentado em frente ao computador contando para as pessoas. Falando com elas, com eles, de diversas formas e com diversas finalidades. Todos sabem agora que estou sem conseguir dormir e com a fronte latejando. Alguém liga?
Tem um cara me dizendo que não consegue dormir também. E daí? A mesma coisa que o capitalismo fez/faz/fará com os bens de consumo - aquela história, "veja bem, isso aqui é ótimo, se você não tiver vai ser apenas um fracassado, igual aquele paspalhão da sua sala, então compre", fez/faz/fará com nossas relações pessoais. Após três meses, lá vem nosso sistema regurgitar em nós - "todo mundo tem isso, deixe de ser ridículo e compre logo o novo, repare nessa linha lateral nova, é nova mesmo, veja a diferença que ela faz" - e bem, nós não estamos sendo enganados, simplesmente vamos lá e compramos. Mesmo que a linha seja apenas uma idiotice desnecessária, a nossa mercadoria também é, então, vamos trocá-la por uma nova. Mas se é desnecessária, por que pegamos outra então?

Soa mais estranho ainda com pessoas. Temos nossos amigos queridos, confiáveis, acolhedores e etc. Conforme crescemos, temos amigos pílulas, sim, pílulas. Você escolhe para onde ir, e com quem ir. Você tem amigos das mais variadas gamas de gostos, costumes, modos e nichos sociais. Você pode ir à qualquer lugar, praticamente, e poderá escolher uma pílula, vá em frente, você a toma, mas amanhã, novo dia, novos lugares e novas necessidades. Ligar? Sente, escolha e tome. Decisões?

Não. Essas nós observamos. Fugimos de decisões, observamos e criticamos quem as tomam. Obviamente, pelo dom da observação, escrevemos nosso azedume depois.

Escrever é observar.
P.lim.

Plim Um

Agora é madrugada de Sexta. Uma semana bem diferente transcorreu, quer dizer, correu, avançou... Meu Deus. Já é Sexta-feira. Não, já é Sábado. Alguém viu essa semana passar? Alguém viveu essa semana? Esperem um pouco. Acho que sim. Mas vocês observaram essa semana? Correu-se entre os dias 28 e 6. Correu mesmo. Então todos nós observamos, certo? Ok. Vocês conseguiram observar alguma outra coisa além do ritmo em que essa semana passou?

Há um problema, e nisso, meus dedos 'falam' por mim, em escrever. É como um flash criativo que não se explica muito bem, tampouco alguém o explica. Então, se você o tem vez ou outra, e se você for um ser humano que se preze, você vai tentar atribuir significância para esse flash. Nós somos seres de significância, se algo não tiver valor ou explicação, nós o fazemos. Pode tentar atribuir os valores que quiser, bem, eu não consigo relacionar esse processo com nada além de observação. Talvez por isso seja, plim e pronto. Eu observo, nem me dou conta, porque o faço na maioria do tempo, e, seja lá a forma como isso funcione, dá certo. Porém, essa foi uma semana sem observação.
Eu deito em minha cama e sinto dores nas costas sem ter treinado. Sinto dor de cabeça sem ter lido mais de duas páginas de um livro que há meses tento terminar de ler. Eu simplesmente não consigo dormir, porque passei tempo demais tentando ficar acordado, e não sei fazer o processo de volta. Ninguém nos ensina a desconcentrar, espairecer, relaxar ou errar. Será que não o fazem porque já é algo inerente a nós? Somos todos seres desconcentrados, relaxados e errados? Bem, esse tipo de indagação já me trouxe de volta ao computador. Não tão de repente mas bem semanalmente, minha cama passou a me rejeitar.

Quem diria que no computador, nesse momento, enquanto falava de minha semana, aconteceu um plim. Até daqui alguns minutos.

P., bem, vocês já sabem fazendo o quê.