sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Poesia sem poeta

Enquanto eu riscava o papel, ela perguntou se eu estava fazendo algum tipo de poesia. Sorri. Então esticando o braço, pediu para ler. Dei-lhe a folha e falei para que não se decepcionasse, pois ali não encontraria bem o que pretendia. Após alguns minutos, ela disse que havia sim poesia ali, embora não houvesse verso algum. Mas sim, definitivamente havia poesia. "Sem verso, não há poesia, apenas prosa comum". "Você se julga poeta e consegue dizer uma coisa dessas, que implica em não existir poesia no olhar, ou na natureza e coisas do tipo? Apenas onde há verso? Ora, poeta... Faz muito tempo que rima deixou de ser poesia e tenho certeza de que é o certo!".
E também faz muito tempo que poesia deixou de ser beleza. Nunca me considerei um poeta, creio que não disponho de habilidade e talento para tanto. Para expressar o que querem, os poetas usam de muitas coisas iguais e tão difíceis quanto. Eu não sei esconder a beleza. O verso esconde o raciocínio. Quem me dera ter essa destreza! Eu apenas enxergo a beleza das formas e busco sua essência. E as escrevo como são: com ritmo. A prosa com ritmo é perfeita pois é como nós pensamos. E são nossos pensamentos que dão esta beleza às coisas. Raciocínio é ritmo. Como gostaria de saber rimar a beleza!

"De qualquer forma, ficou muito bonito..."

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Lei epigramática

É isso. Lá se foi o escalpo.
Em agosto de 2009, escrevi um post sobre o vestibular -http://sppaconnection.blogspot.com/2009/09/existem-misticismos-sensacionais-em.html - e nele apontei como fundamentais para, não somente aprovação em um curso, mas em questões muito mais amplas, a vontade e a estratégia. Nesta época, comecei a vislumbrar o quanto seria complicado o que estava por vir, mas resolvi aplicar aquilo em que acreditei como certo e apenas ficar com a natural preocupação sobre aonde eu iria. Quero dividir isso com vocês, detalhes que não compartilhei com ninguém e abro a todos aqui...

http://www.youtube.com/watch?v=Bp2Qc5_6RJo (Esta música passa a sensação de postes de iluminação sendo vistos pela janela de um carro à noite, não?)

Foi tremendamente complicado ter um ano de aulas em que muita coisa não se iria aproveitar, e pior, tendo grande parte do conteúdo que caíria nas provas fora das salas. Sobraram cerca de 60% do "Conteúdo Programático" a serem vistos solitariamente, no meu quarto com película totalmente negra, frio, café, temakis e pizza. E assim as semanas iam rolando, sempre trazendo as mesmas cenas, a falta de tempo de alguém que passava 12h por dia na escola, todos os dias, que tinha 3h de curso de Matemática aos sábados e que fora abençoado com "Botânica" aos domingos. De manhã. Não havia feriados que não fossem destinados ao curso, ou a finalmente, os estudos - tão difíceis em meio à rotina maluca. Hoje eu vejo que errei ao me concentrar demais em certos assuntos. A todo e qualquer momento você precisava lembrar e estar pronto para responder ou fazer qualquer coisa de qualquer assunto, e eu levava isso mais longe, era necessário ter tudo em minha cabeça, nas cores dos pincéis dos meus quadros e em explicações eficientes.

Quantas noites foram destruídas por questões que não conseguiam ser resolvidas. Eu dormia e elas ainda estavam lá. No meio de tanto azar que estava ainda por vir, eu tive extrema sorte em cair na sala mais sensacional de que já fiz parte, a belíssima CMH, raro exemplo de sintonia. E todo dia, sem nunca deixar isso de lado, eu corria os olhos naqueles quadrados vermelhos (coisas que ainda deveriam ser vistas, à parte para a FUVEST) cada vez maiores, mais complexos e abarrotados de coisas novas. Você sempre vai ouvir aquelas ironias de que as coisas não vão dar certo. Afinal de contas, mesmo eu sendo de São Paulo, fiz mais do que todo meu Ensino Médio em Belém, não fazia cursinho no 3º ano nem nada "específico" para a FUVEST. Todas as vezes em que você concentrar as ações em si mesmo, as pessoas irão duvidar. Engraçada é a crença das coisas pertencentes às maluquices que temos por aí.

E veio a primeira fase. Antes dela, muitos problemas. Operação às pressas para retirar dois sisos que haviam inflamado, cujo pós-operatório é muito dolorido e prejudica muito qualquer tentativa de estudos. Estudos esses que não poderiam parar, já que ainda faltavam partes gigantescas do programa para ver e umas sete leituras obrigatórias. Também houve atritos com pessoas que me magoaram muito. Mesmo sabendo que no meu caso, seria tranquilo passar para a segunda fase, era difícil conceber um desempenho mediano. Tive de ficar uma semana sem tomar remédios para alergia (devido à medicação da operação na boca), que desencadeou coceiras intermináveis. Dormir nem pensar. Chegou o dia da prova, e a desconfiança nos assuntos vistos em tão pouco tempo me fez ficar nervoso e ter um desempenho... mediano. Foi minha primeira prova de vestibular, e apesar de tudo, era uma FUVEST. Então eu tive cerca de vinte dias para me preparar melhor até a segunda fase. Natal e Réveillon em estudos. E despedidas da cidade que foi minha casa por 5 anos, das pessoas que foram minha vida neste período, e das que foram minha família por 17. Era muito difícil simplesmente não ter mais minha mãe comigo.

Primeiro dia da segunda fase - tudo transcorreu relativamente bem. Até a saída da prova, que foi regada a vômitos e febre. Uma virose misteriosa que me fez passar a noite no leito, acompanhando o pinga-pinga do cloreto e pensando "Então eu vivi 3.000 horas para isso?" Melhorei um pouco e fui fazer o segundo dia. Depois do vestibular, eu poderia dizer que dominava 95% do programa, ao menos. Os focos do segundo e terceiro dias, foram os 5% que faltavam. Chamar de azar, é piada. Caiu Complexos na prova específica. A matéria mais ridícula de toda a Matemática do Ensino Médio e a única que eu não lembrava nada, porque havia visto em fevereiro. Realmente quase tudo deu errado. Tudo aquilo que atormenta os alunos ao longo do ano - sim, realmente é isso, a ideia de pensar que está estudando tanto e algo pode simplesmente lhe impedir de realizar a prova - aconteceu. Apesar de tudo isso, eu consegui. Um 4º lugar não foi o que eu desejei, mas... está aí. Murphy, você perdeu para o Comediante. Concordo que tudo deu errado, mas eu consegui transformar tudo isso em piada. Esta é a lição que fica: façam o máximo, mesmo que o que desejem não peça tanto. Assim, não importa o que aconteça, vocês vão desconsiderar os desejos de "boa sorte" que receberem, e aceitarem apenas os de... SUCESSO.

P., cujo ano começa agora. Isto significa, posts, muitos posts.