quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Escuta-me por favor, porque eu não sei falar...

Sempre que eu vou escutar seus problemas, acabo dizendo os meus. Você me inspira confiança em não precisar de ajuda ou de ouvidos, talvez até seja taciturna em esquecer suas dificuldades com as minhas ganhando som. Isso é muito bom quando não se quer conhecer alguém. Eu passei boa parte da minha vida tentando saber quem eu fui aos dois anos. Até hoje não sei nem ao menos quem vocês eram.

Cresci recebendo críticas e cobranças, que quando não estavam lá, eu me incumbia de realizá-las. Não conseguia abrir-me com as pessoas pois elas não tinham nada que eu precisasse, eram somente pessoas comuns com as mesmas palavras, e eu não precisava de um espelho embaçado... precisava de um simples abraço. Dói perceber o espelho embaçado em mim, sempre distorcido e refletindo coisas de uma maneira própria, que poucos entendem e ninguém consegue aproveitar.

Mesmo limpando ao máximo, ele continua trincado, e vai ser sempre assim... trincando cada vez mais, até quebrar novamente. E os moldes de base serão os mesmos, sabem? Nós erramos repetidas vezes o repetido erro. Não há como aprender se ninguém compreende que você não sabe só ensinar. É o que estou dizendo a todos vocês agora, que tento contar meus problemas através de metáforas e histórias que acabam refletindo o que sinto, mas no fundo todos enxergam de forma embaçada, e daqueles que eu preciso dos ouvidos, tenho emprestados palavras e um abraço - mútuo e que nos faz mergulhar em silêncio e lágrimas. Pelo menos agora eu sei quem sou aos dezessete.

P.

3 comentários:

  1. Muito bom post *.*
    Me identifiquei muito com ele!

    ResponderExcluir
  2. "tento contar meus problemas através de metáforas e histórias que acabam refletindo o que sinto, mas no fundo todos enxergam de forma embaçada"
    sinceramente, esse texto se parece muito comigo.
    você é um bom autor, parabéns!

    ResponderExcluir