segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Paredes brancas não paralelas, não alinhadas e congruentes

Estou imprensado por duas paredes brancas e translúcidas. Firme, porém flexível, ela me empurra contra a minha direita, onde está outra parede rígida e fraca. Cerro os dentes em desespero por não saber como agir, a dor lancina minha base à minha cabeça - isto não afeta como penso mas como ajo - e por não saber como pensar, ajo com os braços estendidos, pedindo desculpas por afastá-las, enquanto na verdade, tento apenas salvar-me do esmagamento.

Não é a melhor forma de se lidar com qualquer problema, porque em todos eles existe uma barreira para sua fuga, às vezes distante, às vezes vizinha, mas ela está lá. E estará sempre, não importa o quão rápido pense ou diga, por pensar rápido demais você acabará dizendo o que não foi mastigado devidamente. Esse dejeto que esbarra na parede branca te faz três coisas, do parar de fugir ao ter de engolir o que expeliu sem pensar - relações simples entre uma pessoa e outra. Mas a terceira define as coisas. A parede que te levou à fuga, lhe imprensa novamente.

Perder oportunidades de lidar com o primeiro obstáculo e transformar um segundo encontro em um maior ainda, são coisas adequadas para duas dores, e não apenas uma. Uma e somente uma é bem simples, tanto que você até acaba repetindo, porque acha que já se acostumou a lidar. Se e somente se uma for, não passará de "perdoo" e "desculpo", mas com uma parede branca colada em sua boca, as palavras tampouco saem, chegam à parede que faz doer sua espinha e roça em seus cabelos, se distorcem, voltando para a primeira, e assim dando origem à grande confusão: as paredes não são transparentes, e te fazem fechar os olhos, já que nada se pode ver através delas, e o mais bonito que elas te proporcionam só pode ser visto com os olhos fechados.

As palavras ficam mudas e seus braços escolhem apenas uma das barreiras. Mas a interação é forte demais e você é posto novamente com um ouvido e um braço em cada uma delas, mas seus olhos não se fixam em nenhuma. Eu não sei como escolher, e estrago tudo com as duas. Tropeço e caio sobre uma, seguidos pela outra, logo atrás. O baque, o choque, a dor e o escuro. Que dor desgraçada nesses dentes do siso, que me fazem agir como se houvesse alguém arrependido em cima deles e brigando com a dentição de cima para não acabar com a luz... de uma vez por todas.

P.

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