domingo, 13 de junho de 2010

Plano cartesiano

Este é um post especial. Na verdade, é um contra-post. Eis o motivo dele:

http://justbeafraid.blogspot.com/

Há ao menos uns 10 bons motivos para escrevê-lo, e há um outro post borbulhando por aqui, que deveria ter sido feito ontem, mas não era hora. Nos últimos 10 dias, você caiu, desmoronou e desapareceu. Bem, limpa-se a sujeira, os escombros, toda aquela balbúrdia se forma nos primeiros dias, há discussão de projetos, nortes, enfim, você chegou à conclusão do rumo a subir. Rumo ao céu, a sua pretensão divina, passou dias tropeçando e derrubando. Há duas formas de se chegar lá: a primeira e comum, segue uma escada em caracol de palavras e pessoas, você precisa ter as palavras em mão, como os corrimões, e tem de manter os olhos nelas. Ora, é um problema, já que os degraus são feitos de pessoas, e você acaba chutando todas elas do caminho enquanto sobe. Mas você não percebe, porque as palavras te levam aonde você quer chegar e te impedem de ver os outros fracassando.

Ainda existe uma segunda: considerada egoísta - talvez porque não envolva os outros, como derrubá-los com o pretexto de apoiar-se neles mutuamente (pobres degraus!) em benefício próprio. Essa é extremamente complicada, já que seu tutor é sua verdade e seu guia suas escolhas. Mas há uma última grande diferença entre autro-construir e des(cons)truir: você tem um prazo para fazê-lo, já que o fará diversas vezes em sua vida, e não tem a vida toda como aqueles que seguem uma escada infindável. 10 dias foi o seu limite.

Perguntei a você se o céu foi atingido. "Sou um cego, só assim poderei alcançar o infinito, que é aquilo que não se pode ver." Você está no céu e não percebe. Seus sentidos recriados mudaram a própria concepção de sentido, agora novo e que ruma ao seu infinito tão desejado. Você não pode esperar as repostas para o que ela sente se você não conseguirá ver. Talvez ela sinta e você não consiga sentir. Talvez você já as tenha mas não consiga ouvir. Tudo isso é bastante complicado quando se está subindo, tudo isso te coloca para baixo, não é verdade?

Ohhh, e se, o objetivo de tudo isso não é subir ao infinito e sim, descer ao infinito negativo? Se o natural é você ser derrubado, porque tentar ir contra a própria natureza, já que parece não mais querer negar o amor e a paixão, tão in natura quanto o próprio sofrimento? O sentido de almejar os céus e a plenitude é fruto de coisas que você abandonou. Seus novos sentidos não devem se basear neles, e sim, em você mesmo. Responda: "Quem é o sentido?"

Então eu te digo para descer, rumar ao menor que pode ir, ao mais elementar e idiossincrético, ao simétrico de tudo o que existe aqui, pois essa sim é a realidade que você deve querer enxergar, e não o reflexo idiota que aqueles gregos tão idiotas quanto, diziam ser nosso mundo (ok) mas cuja realidade estava em um mundo abstrato superior (superior ao mundo medíocre, o que não acaba o tornando parte do mesmo?). Ainda chamavam de mito e de caverna. Cuidado com as escadas que levam para os dois.

Seria errado dizer "e por fim", já que o - infinito não aceita esse tipo de coisa, e também seria errado fazer deste texto o próprio infinito abaixo das abscissas - insuportável, quero dizer - então preciso que você continue com ele e com sua construção para o seu sentido certo. O arquiteto diz para não destruir o que já foi feito, apenas inverter, e suas costas ficarão voltadas para as respostas e para as palavras. Mas seus olhos estarão na direção certa que não te deixará mais cego, nem te fará acreditar que está sendo cego por que deseja. Simplesmente, não há como enxergar nada diante de uma parede branca de nome céu, muito menos, considerar a fossa como final de tudo e êxtase para uma subida. Atravesse-a.

P., arquitetando concepções.

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