domingo, 18 de julho de 2010

Noite nordestina.

Aqui venta tanto que parece chuva. Quer dizer, venta tanto, é pior que chuva, parece que o quarto vai cair. Parece que vai desandar e descer esse penhasco. É como se a água do mar estivesse nos esperando lá em baixo, tão enraivada que sai quebrando muro. Tão apressada que vai descendo rua. Tão rebarbada que afoga gente. E eu aqui, tão assustada como nordestino quando realmente há chuva. Tão mal acostumada que vou encolhendo toda. O coqueiro então, mal se segura no chão. As raízes estão ficando tortas diante dos meus olhos. O assobio das portas vai me deixando ainda mais amedrontada. Fiquei tão recatada. Encolhi-me de novo. Mas foi um dia tão cansativo que não há tempo para pensar em medo. Digo boa noite, beijo e abraço. A noite nordestina sempre me foi de agrado. Tenho tido sonhos cobertos de ouro.

B.

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