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Sigo aqui em Bariloche e redondezas. A "ilha perdida", como eles chamam, está realmente lotada de brasileiros. A natureza deslumbrante, a neve e tudo mais, são muito conhecidas por todos nós e se encarregam de nos trazer à cidade nas férias. Mas o povo argentino tem algo interessante, e muito positivo. Quem tiver um pouco de boa vontade em acompanhar as palavras rápidas e o ponderamento deles, vai perceber a insatisfação com as mudanças que o país vem sofrendo. Estive aqui há exato um ano e meio, e realmente o panorama é outro. Reclamam do sucateamento dos serviços públicos, da mudança de interesses dos grandes investidores, do altíssimo preço da carne que é consumida aqui dentro - de pior qualidade e beirando os 50 pesos (!!). A carne vermelha faz parte da essência do povo argentino, como o feijão faz da nossa. E o que eles têm de positivo é a visão aberta sobre as coisas. Não fazem questão de tapar seus buracos para não se rebaixarem aos brasileiros.
Outra coisa é nosso "sim, e daí? Eles ainda têm educação pública e serviços médicos de graça, de qualidade, e nós nem temos isso. Eles que se danem, estão reclamando de barriga cheia, afinal de contas." o que infere outra coisa: em que situação nós estamos então, que não temos nada disto? Os brasileiros aqui e em todo lugar respondem que pelo menos não fomos massacrados na Copa. Grande.
Há cinco anos quando passei a enxergar os problemas de outro lugar, eu consegui ver os problemas do meu lugar. Confesso que com o final da Copa do Mundo (esta é a última vez que eu falo dela aqui) eu fiz um post e ia colocá-lo no blog, com o que nós realmente fazemos e dizemos, e simplesmente não paramos para pensar. Mas não o fiz. "As pessoas merecem ficar como estão", foi o que eu disse no texto do polvo. E realmente, para os dois sentidos: merecem conviver com seus problemas sem conseguir admiti-los e ficar estagnadas para não conhecerem outras culturas e tirar sarro daquilo que elas nem mesmo têm.
P., esperando que o espelho do lago congelado continue mostrando como as coisas são até sexta-feira...
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