terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Para um amigo.

Algo de você é tudo o que eu preciso ouvir, não importa qual seja o momento. Desde que seja algo, desde que seja de você, é tudo que me deixa melhor. Então eu digo:

''Por favor amigo, eu preciso de todas as suas vírgulas, de todos os seus pontos e de todas as suas exclamações. De todos os seus pontos de encontro, desencontros e reclamações. ''

Eu preferia ouvir tudo o que eu desejava até você chegar e me mostrar o que era real. Você era real. Agora mesmo que respostas não sejam o suficiente para mim, eu prefiro ouvi-las de você. Você que parece ser o único a me conhecer de verdade. Mesmo eu não sabendo o que você realmente pensa sobre mim, eu sei que gosta, e eu não me importaria se você fosse o único a estar ao meu lado.


B. deixando todas as suas vírgulas e alguns pontos para os bons amigos, inclusive o amigo Pedro.


segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Um único planeta de vários mundos

Por onde eu ando tenho sempre duas pessoas que me acompanham. Tenho o exótico e o corriqueiro. Tenho o raro e o comum. Tenho o caro e o barato. O barato de ser quem eu quiser ser. Em ser o que qualquer um pode, mas que ninguém nunca será. Eles não são por que não querem. Eu tento dizer a eles. Escutam mas não me ouvem. Assim como fazemos com todos. Vemos mas não enxergamos. "I see you".

Ela não vê. Ela sente. Eu não sinto. Eu penso.
Droga de viver a vida que não era pra ser a minha, mas que há muito tempo virou.
Ok, isso não está justo. Aqui é um único planeta de vários mundos. Entendam "mundos", como pensamentos, como vidas dentro de uma própria existência. É, quando se viaja você olha pra direita e aquele cara não está mais lá. Na esquerda, idem. Onde eles foram?

O exótico e o corriqueiro? O raro e o comum? Caro e o barato? Quando você viaja pra onde veio, deixa de esquecer quem foi, mas não sabe mais quem é. É essa confusão da sua realidade que cria seus mundos. Se lá eles tomam açaí como água, aqui tomam como o filhote daí. Se aqui você encontra feijão bom em qualquer lugar, aí é impossível. O cupuaçu de cada dia de Belém é o novo cosmético caríssimo da L'occitane. Há diferenças enormes, em cultura e valores (ainda bem), mas há congruências. Há "Avatar" em ambos. Arrisco que em todos os lugares. O planeta que tentam deixar igual sempre será composto de vários mundos. E por mais que você se sinta estranho ao lugar que estiver, não se preocupe: vocês são todos do mesmo mundo. Mas que o seu planeta é diferente dos de todos, ah... É!

P., pocket post, já nem ligo mais, as coisas que eu ligava não estão mais em meu mundo.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Entrar na rotina.

Eu não sei o que fazer com todo esse sentimento, há muita coisa ruim também. Fico pensando em como não há saída para todo o tipo de situação. Eu me estranho, eu me fecho e me enrolo. De vez em quando engano à mim mesma. Eu estou explodindo, ando ocupada de mais e ainda tenho que fazer tanta coisa... Tomar meus remédios, arrumar minha mala e assistir à todos aqueles filmes. Não sei se é bom ou ruim, mas de qualquer forma eu estou bem, novamente torturada por tudo o que se passa na minha cabeça, mas bem. A pesar da vontade de cortar as cortinas e sair correndo para qualquer outro plano, eu realmente quero comemorar a rotina e esse meu rosto de amar.

Esse mundo que era mais do que meu desta vez parece virar ao contrário e me arrastar contra as paredes. Eu sempre fui o centro do meu universo, agora não mais. Os meus filmes caem, quebram e ninguém consegue entender. Eu nunca fui muito compreendida, por isso nunca fui de pedir perdão. Então me desculpe se eu não sei pedir desculpas, eu nunca meço as minha palavras, eu nunca faço entender o que eu realmente quero explicar. Mas de qualquer forma eu estou aqui, não exatamente completa, mas tentando ser preenchida por todas as lições que eu recebi. Agora está ficando tarde e eu preciso arrumar a minha mala, amanhã partirei bem cedo e voltarei à pensar em coisas que nem eu mesma consigo entender.

B. (tentando arranjar forças para arrumar a mala às duas e meia da manhã. )

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Dita ''aventura''. Com remédios, eletrônicos, roupas e você mesmo.

Eu tenho a sensação de que quanto mais longe eu fico de casa mais perto eu pareço estar em algum lugar, digo, um lugar bom para viver, para conhecer, com novos aspectos, novas pessoas e uma vista bonita, pela qual eu sempre prezei. Como o Pedro já disse, com os meus remédios, meu Ipod e as minhas roupas preferidas não me parece faltar mais nada para permacecer feliz, quer dizer, mais feliz, e o melhor, ser quem eu quiser. Porque embora toda a ocasião eu sempre serei eu mesma, tola, sincera, compreensiva, gênio forte, coração mole e muito mais, algo que vai muito além do que só ''aquele caubói daquele filme''. As ocasiões aqui vem sendo: calor, muito calor. Nesse momento eu não sou branca nem negra, eu sou rosa, assim como o Pedro, na verdade estou mais rosa, mas ele tem a sorte de ser assim por natureza, como um gringo, já eu, estou mais para uma nativa, quem não quis pegar um bronze mas não teve escolha, a marquinha da manga da blusa me condena.

Já perdi as contas de quantas cidades de nome estranho eu já passei, não gravei o nome de nenhuma, claro. Eu estou em uma dita ''aventura'', como fala o meu pai. Uma viagem de carro Belém-Brasília e ao longo disso nós vamos parando nas cidades mais interessantes, que nos parecem mais civilizadas, seja para dar uma volta por lá ou só para dormir e voltar para a estrada no dia seguinte, às cinco da manhã. De fato, uma aventura. Só agora que arranjei um tempo para escrever, tive uma oportunidade, uma estrada com menos buracos e agora cá estou eu, sem muitas ideias nem muitos amores. Por um milagre é a primeira chuva que nós pegamos no meio do caminho, mas com chuva ou sem chuva a vista das serras ainda é muito bonita.

Acabei de voltar de uma casa de uma senhora que eu não sei o nome e que também não sei em que cidade fica, como eu já disse, não gravo nada, só sei que o lugar era bem humilde, a casa era no meio do ''morro'', no meio do nada, lá eu comi uma galinha caipira logo ao lado do próprio galinheiro, com aquele cheirinho de fezes de todos os animais que haviam lá que hmmm.. Trágico, mas é verdade. O pior de tudo é apesar do estado do lugar a comida estava boa, mas quando aquele cheiro entrava pelo meu nariz, que era toda hora, me dava vontade de pôr tudo para fora. Só disse isso para concretizar a parte na qual eu citei ''aventura''. Adoro as ''aventuras'' do meu pai.

Ao contrário do Pedro eu ainda tenho os meus remédios, na verdade um estoque deles, que me ajudaram na má digestão depois daquele almoço, a maior parte das minhas roupas estão limpas e a bateria do meu Ipod ainda está pela metade, por sorte, pois esqueci de colocá-lo para carregar no último hotel, eu estava cansada de mais para isso. Mas não há mais tempo para ficar cansada, a minha viagem está só começando por aqui e eu fico pensando em quem eu me tornarei quando a próxima cidade chegar. Isso eu não sei ao certo, ninguém sabe, mas a resposta final o Pedro já disse e eu concretizo [serei quem eu quiser, mas sempre serei eu mesma]. Agora é só esperar chegar lá. Boa viagem para você também Pedro!

Faiado (caubói de araque), no cauboiês.

Não importa onde você estiver. Algumas coisas te acompanham em todo lugar. No mundo todo. OH, lógico! Mas é muito mais importante do que nós imaginamos. Se eu tenho meu café, meu iPod, meus remédios, minhas malas com tudo o que eu mais gosto de vestir e usar, um computador em qualquer lugar, do que mais eu preciso? Se eu tenho tudo isso, o que me impede que eu seja eu mesmo, em Belém ou em São Paulo? Principalmente, se eu entender que em certo ponto, "as coisas que eu possuo acabam me possuindo". Viajar não é só uma lição/experiência social, cultural e blablablá. É uma experiência com nós mesmos. Em algum momento, as coisas que você possui não estarão com você e, só vai restar uma coisa: aquilo que você realmente é. Melhor ainda: aquilo que você quiser ser. Quando o cenário muda, os figurantes mudam, o clima da peça muda, enfim, tudo muda, por que seu personagem não pode mudar também? Você pode ser aquilo que quiser. Mas... Ali pelas tantas, todos e você mesmo vão saber que, não importa quem você seja, encene ou creia que realmente exista, assim como suas coisas acabam te possuindo, você vai ser sempre o mesmo. O mesmo ator em papéis diferentes. Mas assim como os atores, nós ficamos marcados por certos papéis. E se fizermos algo muito diferente de nossas "personas" (tipo de papel que sempre interpretamos) vamos cair em desgraça e lembrar uma única coisa aos outros. "Não é aquele caubói daquele filme?"

Se vocês querem ser "aquele caubói daquele filme", não sei. Mas acho que, viajar, é a oportunidade de você ser "aquele ator daquele filme". E não o personagem. Esses mudam. Você é sempre o mesmo.

Ainda tem café na xícara. Não tem mais. Ainda tem café na garrafa. Acabou. Meu iPod está sem bateria. Meus remédios terminaram e minhas malas estão na casa do meu pai, e entendam que isso é... Bem longe. Num simples decorrer frasal, tudo aquilo que eu/me possuía foi embora. Mas eu ainda estou aqui. Não estou mais.

P., em viagem e pronto para compartilhar uma nova visão do mesmo ator de sempre. Só que mais caubói do que nunca. Boa viagem, Bianca! =))

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Há Uma Longa Estrada Pela Frente...

Há uma longa estrada pela frente... Uma nova estrada cheia de coisas velhas. Quando eu acelero não sinto que vou chegar mais rápido. Apenas perco coisas, perco gestos, perco momentos e pessoas. E quando olho para trás... Eles não estão mais lá. Eu não sinto meus pés no chão. Eu ainda percorro a estrada, mas parece que consigo me contentar com o que sinto agora, por sentir que vou sentir depois. "Calma, amanhã isso passa". Amanhã isso não "passa". Isso já "passou". Essa é a forma com que nós vivemos nossas vidas. Notando as coisas apenas quando elas já passaram. Mas quando olhamos para trás... Elas não estão mais lá. Talvez seja melhor não sentir mesmo. Há alguns dias eu quis sentir que era humano. Mas continuei vivendo como deus. Isso me trouxe um grande problema. Nem é questão de não sentir, sabe. É mais uma coisa sobre viver.

Faz algum tempo que não sei se sinto ou se vivo. Oh, meu Deus, não pode ser possível viver e sentir. Eu juro que tentei sentir tudo. Sentir a todos e a mim mesmo. E hoje estou aqui. Eu ainda estou vivo. Eu ainda me sinto vivo. Mas me sentiria mais, se não pudesse sentir... Muito. É, sinto muito. Sinto por sentir-me tolo. [É tolice acreditar que um deus não pode sentir nada?] [Não]... Eu não posso acreditar nisso. Um deus precisa sentir alguma coisa... [Onde estão o perdão, o amor àquela crença toda?]
[Estão em algum lugar onde um deus não pode encontrar.] Mas é óbvio! Ele não procura por nada. [Como vai encontrar algo?] [Simples.] Deuses sentem-se completos e nutridos. Mas é só uma neblina, por onde os fracos não enxergam, onde os fortes a atravessam e caem em algum buraco. Restam os sábios, que sabem quando essa neblina irá dissipar. E esperam.

Um deus não aguenta esperar. Ele não suporta esperar, por nada e por ninguém. Um deus não é sábio. Um deus é um tolo. Tolo ao ponto de achar que é Deus. Tolo ao ponto de responder todas as perguntas que faz. Bem, ser deus tem de ter alguma vantagem. Você sempre pode responder o que pergunta. Mas não pode viver o que deseja. Há uma longa estrada pela frente, e eu me pergunto se esse deus vai perceber o que é ou ainda vai achar que por perceber o que é, pode ser deus. Mas o que ele não consegue perceber é que nem um deus pode tudo. Mas o que me contenta, pelo que sinto agora, e é algo realmente triste e doloroso, é saber que "amanhã isso vai passar".

Essa semana foi o que eu descobri. Quer dizer, não houve lá grande descoberta. Nunca esteve escondido. Eu simplesmente não havia procurado. Um deus não procura por nada... Mas ele pode entender certas coisas. E agora que ele entendeu que não é Deus, o que resta a ele? [Continuar sendo um deus?] [Não.] Isso não adianta de nada. Agora que ele já sabe que um deus não pode tudo. Eu sempre disse a ele. Mas se um deus não pode tudo o que pode então um humano? Pode refugiar-se a Deus. E acabam-se os deuses. Um Deus pode sentir e viver ao mesmo tempo. "Deus" quer dizer isso. Amor, compromisso, entrega, fidelidade e castidade. Tudo em vida. E o que me contenta, é saber que um deus não precisa dessas baboseiras. Um deus tem sua tolice como amparo.

Bem, a mim resta uma longa estrada. Oh, meu Deus, que você não me deixe cruzar com nenhum desses deuses... Eles são muito chatos.

P. deus, amparado em sua tolice. Humano, confortado na certeza de que "amanhã isso passa..."