domingo, 7 de fevereiro de 2010

Enquanto as folhas não secam e o vento não para de soprar

Setembro, 25 (A cidade mantém os mesmos tons sempre. Chega a ser, de certa forma, cômico. Todas as pessoas se esbarrando nas ruas, mesmo que estejam caminhando na mesma direção. Assim como as folhas, não podem escolher onde têm de ir. Sua liberdade de movimento, escolhas e decisões é limitada a vontade do vento. Caem, sobem. Tomam rumos que nunca imaginariam tomar. São levadas aos mais diversos lugares, longe de suas raízes. Simplesmente sugadas por uma força maior que todas elas unidas. Lutam, reclamam, decidem tomar suas próprias decisões, mas, raramente, têm algum sucesso. Pelo menos essa era a visão que eu tinha. Uma visão limitada, que desconhecia a verdadeira força dos humanos. Talvez o que realmente nos diferencie delas seja isso. Nossa vontade infinita. Aquilo que não faz de nós folhas, mas sim, nosso próprio vento.)
No entanto, para descobrir isso, tive de entender o mecanismo desse vento. Acredite, não há nada mais difícil do que entender as pessoas. Confesso ainda estar muito longe de entender as mais próximas a mim. Quanto mais as que me dizem. Todos nós já tentamos entender alguém por alguém. O famoso namorado da amiga. Temos que pensar por ele. Nem sempre funciona.


(Havia um banco. Um lugar privilegiado. Quem ali sentava, tinha um grande poder em mãos. A vista era realmente bonita, principalmente na época do ano que mais gostava. Quando as folhas caem amareladas e laranjas, deixando suas casas desnudas. Se engana quem pensa que o vento é cruel, as retirando das árvores e brincando como se fossem marionetes. Quando, na verdade, elas pegam apenas uma espécie de carona, para irem a lugares onde o céu não seja tão implacável, e o inverno, tão aterrador. E é no Outono, também, onde o clima frio aproxima as pessoas, criando um sentimento de cooperação. A primeira impressão pode parecer mentira. Mas ali, naquele banco, majoritariamente sozinho, comecei a perceber que as folhas que realmente se movem, são mais parecidas com as que amontoavam as travessas do parque.)

Nesses trechos do primeiro ensaio que eu escrevi, uma espécie de pré-livro, eu parei para observar nossa relação com a Natureza. Nós, que pensamos ser tão diferentes, porém, submetidos às mesmas leis, nos assemelhamos as folhas. Seria o destino algo que nos obriga a fazer o que ele apenas quer? Ou algo que nos tira da monotonia que seria a ausência de vento? Acreditando em destino ou não, o que não dá para negar é que o vento nunca para de soprar...

P.

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