O que é uma igreja para vocês?
Pela predominância da religião católica em nosso país, provavelmente você pensou num espaço físico daqueles com padre, missa, cruz e bancos. E mesmo se você tiver outra religião, até onde me limito, creio que todas tenham algum lugar para cultuar o dogmatismo inerente a cada uma. Enfim, pesquisei sobre a importância desse espaço físico para essas "correntes" e seu significado. Muito se diferem na parte litúrgica e pragmática, mas, em vias práticas a finalidade é a mesma: cultuar um Deus, um representante, algo material que Ele ou alguém escreveu por Ele. Uma excessão a essa regra, é uma religião nipônica, chamada xintoísmo. Alguns consideram como uma corrente, mas os estudiosos batem o martelo como religião. Eles não tem um "livro sagrado", como a Bíblia ou o Alcorão (que teriam inspiração divina), e cultuam com sobriedade a natureza. Legal, né? Voltando ao ocidente. As nossas igrejas tem função primordial na manutenção das instituições religiosas. Porque vocês vão a uma igreja?
Pela predominância da religião católica em nosso país, provavelmente você pensou num espaço físico daqueles com padre, missa, cruz e bancos. E mesmo se você tiver outra religião, até onde me limito, creio que todas tenham algum lugar para cultuar o dogmatismo inerente a cada uma. Enfim, pesquisei sobre a importância desse espaço físico para essas "correntes" e seu significado. Muito se diferem na parte litúrgica e pragmática, mas, em vias práticas a finalidade é a mesma: cultuar um Deus, um representante, algo material que Ele ou alguém escreveu por Ele. Uma excessão a essa regra, é uma religião nipônica, chamada xintoísmo. Alguns consideram como uma corrente, mas os estudiosos batem o martelo como religião. Eles não tem um "livro sagrado", como a Bíblia ou o Alcorão (que teriam inspiração divina), e cultuam com sobriedade a natureza. Legal, né? Voltando ao ocidente. As nossas igrejas tem função primordial na manutenção das instituições religiosas. Porque vocês vão a uma igreja?
Aqui, o leque de respostas se multiplica ainda mais, dependendo da particularidade e dos interesses pessoais. Mas, pela finalidade de uma igreja e pelo que esta representa, os pensamentos "encontrar paz" e "estreitar os laços com Deus" (orando, etc.) seriam boas hipóteses. Sendo assim, chegamos na pergunta que me interessa: Para fazê-lo, porque devemos então procurar uma igreja? (...)
Eu sempre fui muito crítico. Para mim, nem uma parede branca escapava. Não importa o que nela estive pintado ou pendurado, não podia ser daquela forma. E uma tradição católica, ali, a torto e a direito que minha mãe me induzia nunca me convenceu. Lembro de aulas de catequese arruinadas pela minha audácia e contestação de tradições. Eu tinha os argumentos mais fortes, as frases mais impactantes... Mas não tinha duas coisas. Respeito e força. Não importa o valor de uma ideia... se as pessoas não aceitarem, é apenas uma palavra. E falar mal daquilo que as pessoas acreditam, acaba sendo falta de respeito. Esse é um problema de nós, aborrecentes e que formamos pensamento crítico: Nos falta a doce ponderação do tempo. Eu aprendi algo muito importante... se você acredita em algo, e essa coisa é "+", procure saber como são o "-" e o "o". Quem é contra e quem não tem nada. Dá-lhe Sócrates.
Então, saindo do egocentrismo, de mim para mim. (um texto imparcial? haha)
Eu não aceitava a ideia de que precisava ir para uma igreja para me estreitar com Deus. Na verdade, nem acreditava muito em Deus. Nem acredito ainda. Nem desacredito. O Augusto Cury (que escreve muita coisa igual, numa visão esquisita, mas sabe escrever coisa boa) tem uma analogia que eu acho interessante para Deus. Ele diz, mais ou menos isso: "Não é estranho imaginar um palco tão grante e belo, com tantos atores encenando uma peça tão maluca, num espetáculo tão grandioso, sem ninguém atrás das cortinas organizando tudo?" Sim, é estranho. E vou mais longe. No cinema costuma-se dizer que em um filme, percebe-se a "mão" do diretor. Óbvio, afinal é o cara que filma, que dá forma as ideias, que faz o trampo todo. Se vocês gostaram da anedota de Deus-Diretor, já perceberam onde eu quero chegar. Se Deus dirige, tem a mão Dele em tudo. Se tem Sua mão, percebe-se o que ele gosta, quer, sente, pensa.
Ahhhhhhhhh! Então Deus gosta de guerras! De fome! Viva a miséria!
Mas calma, Deus também gosta do amor. Dos passarinhos e das árvores. Nem tudo é tragédia nesse espetáculo.
Será que Deus realmente gosta, quer, sente, pensa? Bom, quem quer, deseja algo que ainda não tem. Mas gostaria de ter. René Descartes bem define-nos como criaturas de capacidade finita e vontade infinita. Podemos querer tudo, mas não podemos tudo. Deus, segundo ele, é infinito em capacidade e vontade. Além de querer tudo, pode ter tudo. Logo, se Ele tem tudo, não quer mais nada. O que Ele tem a querer então? Se Ele tem tudo, pode ter apenas as coisas boas. Então, pode deixar de sentir os sentimentos ruins, amargos. Logo, se você pode manipular seus sentimentos, isso de fato é sentir? Sim, é sentir. Mas, se Ele também pode escolher o que vai resultar esse "sentir" nele, ele já sabe o que sentir. Então ele praticamente "reage" de forma premeditada. Será que Deus tem necessidades? Será que ele come, dorme? Ora, se pode escolher o que sentir, não precisa de fome ou sono. E você me diz: "mas são necessidades do corpo! Não depende dele!" Reza a bíblia, que Deus nos criou em "imagem e semelhança". Nada mais sensato deduzir que ele também tinha um corpo, com um nariz, braços, etc. Até aí tudo certo. O grande x da questão, senhores. Somos seres de capacidade finita, certo? Todos concordam, ok. O que nos limita em capacidade é nosso corpo. Por exemplo, podemos querer comer todos os pratos do restaurante. Podemos até ter dinheiro para isso. Mas explodiríamos se tentássemos fazê-lo. Esbarraríamos em nossos limites físicos. Logo, se somos limitados em capacidade, quem nos dá essa característica é nosso corpo. Se Deus tem capacidade infinita, se Ele pode tudo, até comer todos os pratos do restaurante, várias vezes, então como Ele poderia ter um corpo que o limitaria? Se ele tem um corpo, tem um limite.
Mas Deus não tem limites. Não pode ter um corpo, então. E porque nós temos, se somos semelhantes a ele?
Essa eu mesmo respondo. "Semelhante" não é igual. Ele pode ter acrescentado um corpo, um limite físico para nos proteger de nossa vontade infinita. Para nosso próprio bem, juro que é. Bom, se Ele não tem corpo, é semelhante em nós em espírito. Em vontade. Se Seu espírito não pode ser limitado, e imaginamos um espírito como algo fluído, que se transforma e se adapta a "recipientes" (leia CORPOS), qual seria a forma de Seu espírito? Bom, se ele não tem limites e tem capacidade infinita, pode ter a forma que Deus bem entender. Pode se expandir por todos os lugares (onipresença), pode entrar por nossas narinas e vasculhar nossa cabeça (onissapiência).
Vamos findar esse raciocínio por aqui. Deus, assim sendo, tem a forma de tudo, pois está em tudo, já que não é limitado por um corpo. Usei esse raciocínio me apoiando em Descartes e nessa "derivação semântica" para chegar no mesmo ponto daquela historinha sobre o "Deus-Diretor", lembram? Siiim, a conclusão em ambos os casos é a mesma: Deus está em todos os lugares, inderetamente como "autor-diretor" e diretamente como espírito sorrateiro.
Igrejas. "Não preciso delas." Não preciso de uma religião, fazer parte de uma máquina de poder. Era o que eu pensava. Não mudei minha ideia, mas atenuei. Religiões são importantes. Assim como muitas outras coisas são. Mas ser crente, (não os protestantes) é acreditar. Para mim, isso te limita. Mas te dá um poder impressionante. "De tudo nem tudo é todo bom nem de um todo ruim, metá-metá." Bom, voltando ao raciocínio e finalmente chegando onde quero. Todas as pessoas sentem maior ou menor afinidade com tudo. Não é a vontade, delas. Por exemplo, quem tem medo de altura. Simplesmente tem. Quem ama o mar, simplesmente ama. O frio, o calor, etc. Elementos naturais. Cada um de nós tem afinidades com certos elementos, e é engraçado brincar com os amigos com isso. Aquele que adora o mar, a água, o vento, elementos que transmitem paz e profundidade, a água, com aquela brincadeira de eternidade, o vento com aquele poder de ir para onde quiser. As pessoas que gostam disso, são tranquilas, perdoam. Já as que gostam do fogo, da efemeridade, da força, do poder. São explosivas, temperamentais, e como uma vela que nunca se apaga guardam mágoas a vida toda. Nada é comprovado, lógico, e de lógica, pouco tem. Por terem esse traços de personalidade, podem simplesmente gostar de coisas que inspirem o mesmo. Não importa. Eu amo o vento. Altura. Gosto muito da água. Do mar, das ondas. Não sei nadar, então é estranho. Mas como disse, de lógica, pouco tem. Para mim, nada é mais gratificante do que o vento... a imensidão, a água em movimento e o pôr-do-sol. Sou apaixonado pelo céu. Nada é tão democrático quanto ele. Todos que são livres, seja quem for, tem acesso a sua beleza. Demais, não? Já devem ter percebido que "sou" vento e água. Mais pro vento, bem mais. Filho? "The blower's son" (obrigado, Damien Rice). Há um lugar, em Belém, que todos gostam, conhecem, tomam sorvete e vão com a família. Bem, ali na Estação das Docas. Bem em cima da 17ª armação em ferro amarelo, com os pés balançando entre as grades de proteção brincando com os chinelos, que raspam a água e se salvam. Ali, onde o vento sopra sem fim, onde o rio dança sem ritmo, mas... com sintonia. Daquela armação de ferro inóspita, não há espaço para nada ruim... Há apenas bem-estar. A sintonia não é apenas percebida, mas compartilhada. Você faz parte. Faz parte de algo muito bem pintado por Deus. Que de tão próximo Dele, te faz acreditar que você pode apoiar Nele, ali do seu lado. A 17ª armação em ferro amarelo é minha igreja. É onde eu vou quando as pessoas vão rezar. E na minha igreja, somos apenas Eu, Deus-rio-vento-e-céu. Não dispenso o sorvete, em dias de calor. (todos haha)
P. (lembrando o descaso da Bianca com o blog =/)
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