Após mais muitos miligramas de medicações, muito chá e bons filmes, volto a concluir o raciocínio sobre a liberdade. Havia perguntado o porquê de termos tanto apreço por ela, verdade? Conhecem aquele bordão de que "só se dá valor quando se perde?" ou, talvez, aquele "quanto mais de algo, alguém tem, mais quer ter." Coitado de quem já ousou duvidar da sabedoria popular. Mas como o povo não explica, apenas repassa a corrente, permitam-me explicar.
Primeiro ponto. Mas como o povo não explica, apenas repassa a corrente, permitam-me explicar. Para que um povo tome um determinado rumo, alguém precisa se sobressair. Explicar o que eles precisam fazer. Um líder, antes de mais nada, é um explicador. Se ele tiver um caminho, mas não conseguir idealizar o mapa de uma maneira a que todos do povo entendam, o povo não irá chegar ao destino. (vamos manter a ideia de "povo" como um indíviduo único, até onde nos convir, ignorando as particularidades e idiossincrasias, ok?) Em míudos, um líder deve ser acessível. Mas para que entendam o que ele vai dizer, precisa que as pessoas desejem escutá-lo. Para isso, é importante que ele não tenha nenhuma característica repugnante notória. Para repugnar alguém, basta apenas conhecê-la a fundo. Mas, assim como esse lado é verídico, o outro também. Se você conhece a fundo, passa a admirar ou a repugnar. Moral da história: se não conhece, não admira nem repugna, é indiferente. Se é indiferente, pode pender para qualquer lado com facilidade. Segundo e terceiro pontos: um líder precisa ser pouco conhecido e visto sob uma luz positiva. Vamos novamente manter nossa análise em aspecto laboratorial, tendo em vista que o pouco conhecimento sobre o líder, refere-se à sua gênese, e a "luz positiva" a quando ele venha se tornar conhecido pelo povo, ser muito bem bajulado. Carisma. E pode ser criado de diversas formas, diretas ou indiretas. Na excelente versão adaptada para o cinema da graphic novel de Alan Moore e David Lloyd, dos irmãos Andy e Larry Wachowski, "V de Vingança" (V for Vendetta) de 2005, protagonizado pela (neste, principalmente!) belíssima Natalie Portman e pelo Hugo Weaving somos levados por um fato histórico. Uma tal de "Conspiração da pólvora" (obviamente, pouco conhecida porque não deu certo). Bem, não vou me ater à veracidade da conspiração, pois dela para o filme, nós precisamos apenas desses elementos: a famosíssima máscara que V. usa, apresentada por Guy Fawkes (um dos figurões mais importantes da conspiração). Além disso, o fato de Fawkes ter sido pego com o pavio na mão (rs) prestes a explodir o Parlamento Inglês, onde queria também matar o então rei, Jaime I (por sinal, que FANFARRÃO esse senhor foi...). O dia 5 de Novembro foi batizado com uma cantiga, e tudo isso é importante. O 5 virou "V" (algarismo romano para CINCO) e a cantiga hino de V., V de Vingança, V de quinto dia de Novembro, de símbolo analógico ao do movimento anarquista.
V, no filme, tem dois objetivos. Que são apenas um, no final. A liberdade. Então o filme não deveria chamar L de Liberdade? Teria sido apenas coincidência que as pessoas que ele matou, fossem também fundamentais para destruir o regime fascista que oprimia e manipulava o povo? Fica o sentimento muito bem levantado no filme, mas que acaba sendo respondido. V, apenas conseguiu tudo o que queria porque teve apoio total do povo. E porque? Faltava carisma e uma ideologia por parte do Governo absoluto inglês. Havia força, opressão, firmeza, mas ideologia não. Nos deparamos com o que realmente permite um líder controlar uma multidão, ideologia. As diversas artes do conhecimento, definem essa palavra a sua maneira, para seus fins. Para mim, ideologia é basicamente um instrumento de controle aceito. O subversivo o é, de forma receptiva e solidária. Talvez não consciente, mas de livre agrado. Tendo uma ideologia forte, temos um elo inquebrável entre um líder e seu povo. Pois por sua ideologia, ele será não somente um líder, mas um deus a ser seguido a todo preço, até que seus objetivos sejam conquistados. V, quer a derrubada do Governo. Quer a revolução e a liberdade para o povo. Ideologia: o povo precisa ser livre, e apenas será resistindo ao governo. Motivo do sucesso: O que ele pede, é basicamente o que todos nós queremos profundamente. Se ele propusesse uma revolução pelo petróleo, nem todos iriam, porque há pessoas que não dão a mínima. E assim seria com muitas outras coisas. Mas, liberdade... Ah! Liberdade não...
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